Após conquista da Copa do Brasil, jogador e executivo de futebol apontam interferências nos bastidores e cobram mais autonomia para 2026
Memphis Depay usa uma faixa escrito "F* a política" em inglês após título da Copa do Brasil — Foto: Reprodução/Instagram
Memphis Depay e o executivo de futebol do Corinthians, Fabinho Soldado, voltaram a criticar integrantes da política do clube logo após a conquista da Copa do Brasil, no último domingo, no Maracanã. O camisa 10 afirmou que dirigentes que prejudicam o Timão precisam sair, enquanto Soldado apontou a existência de uma minoria que “parece só querer atrapalhar”.
Publicamente, ambos não citaram nomes nem detalharam episódios específicos, mas nos bastidores é possível identificar os alvos das críticas. Tanto Memphis quanto Fabinho se sentem “fritados” internamente. O holandês destaca, especialmente, o vazamento de informações sobre seu contrato, que, na visão dele, tenta prejudicar sua imagem.
No vestiário, após a vitória por 2 a 1 sobre o Vasco, Memphis fez um discurso firme, mencionando a pressão interna sobre Soldado e a turbulência política do clube. Segundo diferentes fontes ouvidas, o vice-presidente Armando Mendonça é uma das pessoas que mais o incomodam. Mendonça nega qualquer problema com Memphis e afirma que não foi responsável pelo vazamento do contrato.
— “Quando o Memphis fala sobre diretoria, está se referindo a todo mundo em volta da política do clube. Para ele, conselheiro é diretor, assessor é diretor, sócio que fica lá... Eu não sou um cara que fico criticando o contrato dele. Inclusive, já dei entrevista dizendo: o contrato tem que ser cumprido, ele é um ativo do Corinthians, é um colaborador do clube, tem que ser preservado, prestigiado e valorizado, porque para o Corinthians é importante”, disse Armando Mendonça.
O vice-presidente ainda comentou sobre sua relação com o camisa 10:
— “Eu tenho uma relação com o Memphis muito boa, não falo que é meu amigo porque ele não frequenta a minha casa, e eu não frequento a casa dele, nem de nenhum colaborador do futebol. Tenho certeza que nenhuma dessas declarações foram direcionadas a mim, porque sempre respeitei todos os profissionais que trabalham no Corinthians, desde o rapaz da rouparia até o principal jogador.”
Tanto Memphis quanto Fabinho foram contratados pelo ex-presidente Augusto Melo, que sofreu impeachment em 2025, e o holandês mantém amizade com o ex-diretor financeiro Pedro Silveira. Após o título, advogados de Memphis publicaram fotos com Silveira e Vinicius Cascone, ex-diretor jurídico do Timão. Pessoas próximas ao jogador interpretam que, por ser uma “herança” da gestão anterior, ele é minado nos bastidores.
— “Pessoas na diretoria precisam acordar. Eu sei exatamente de quem eu falo, e eles sabem exatamente quem são. Só deixem este clube, vão fazer m... em algum outro lugar, porque este clube precisa crescer, este clube precisa lutar por Libertadores e Brasileirão em todo ano, porque os torcedores merecem isso”, disse Memphis no Maracanã.
— “Quem quer f... o Corinthians, ‘bora’, saia deste clube, saiam da diretoria. Este clube precisa de estrutura. E eu venho para trazer estrutura, mas eu preciso de mais ajuda”, acrescentou.
Fabinho quer mais autonomia
A principal queixa de Soldado é a pressão de conselheiros que tentam influenciar sua atuação e miná-lo internamente. Em outubro, ele foi convocado para prestar esclarecimentos no Conselho de Orientação (CORI) sobre gastos do departamento de futebol, mas não compareceu a pedido do presidente Osmar Stabile.
Soldado também critica a Comissão de Futebol, formada por conselheiros que podem fiscalizar, sugerir e pedir esclarecimentos sobre a gestão do futebol. Entre os membros, destaca-se Francisco Papaiordanou, aliado antigo de Stabile. O conselheiro, procurado, não quis se manifestar.
— “Existe uma pequena parte das pessoas ali dentro que pensam de uma forma individual. Existem pessoas boas, que trabalham diariamente, silenciosamente e conseguem colaborar positivamente para que o Corinthians cresça. Essas pessoas merecem respeito. Existe, sim, uma pequena minoria que precisa ser analisada, é uma parte que parece só querer atrapalhar”, afirmou Fabinho.
O executivo tem contrato com o clube por mais uma temporada, mas não confirmou se permanecerá em 2026:
— “Minha vontade sempre foi de permanecer, mas confesso que esse pequeno grupo que atrapalha o Corinthians, que às vezes se levanta silenciosamente e ninguém bota a cara. Esse grupo atrapalha. É algo que incomoda a todos. É por isso que vamos ter uma conversa com o presidente e entender aquilo que tem de planejamento para 2026 para que a gente possa tomar as melhores decisões.”
No Maracanã, Osmar Stabile comentou sobre a suposta interferência da Comissão de Futebol:
— “A comissão dá sugestões. Pode dar sugestões no futebol profissional, de base, tudo o que for ligado ao futebol ele pode dar sugestão. As comissões do Conselho não são administrativas, elas sugerem, aí o presidente faz ou não faz, depende do que a gente entender ser melhor. Tanto é que há pouco tempo atrás o Fabinho Soldado foi chamado para fazer uma entrevista lá no Corinthians e ele não foi porque o presidente entendeu que não deveria ir.”
Fonte – Jogo de Hoje 360°

