Comunicador deixa legado entre os grandes nomes da história da mídia no país
Fotos: Divulgação
Uma voz inconfundível. Para quem acompanhou a televisão brasileira ao longo das décadas, essas palavras remetem a Léo Batista, que faleceu neste domingo, aos 92 anos. Considerado uma lenda da comunicação no Brasil, Léo enfrentava um câncer no pâncreas e estava internado desde o último dia 6 de janeiro, resistindo bravamente por 13 dias.
Nascido em 1932, em Cordeirópolis (SP), Léo Batista testemunhou e narrou capítulos marcantes da história do Brasil em quase oito décadas de carreira. Foi o primeiro a noticiar o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, pela Rádio Globo, e, 40 anos depois, comunicou a morte de Ayrton Senna, após o trágico acidente em Ímola, na Itália.
Com mais de meio século de atuação na TV Globo, o apaixonado torcedor do Botafogo foi sinônimo de jornalismo esportivo. Ele esteve à frente de coberturas de Copas do Mundo, Olimpíadas e Fórmula 1, apresentou os principais programas esportivos da emissora e eternizou momentos como a exibição dos resultados da loteria esportiva no "Fantástico", ao lado da famosa zebrinha.
Um começo humilde e promissor
Filho de imigrantes italianos, João Baptista Bellinaso Neto, seu nome de batismo, descobriu a paixão pela comunicação na infância, em Cordeirópolis. Improvisava transmissões com uma latinha de tomate como microfone.
— Eu pegava a escalação dos times e treinava. Sempre dizia: "Um dia, quem sabe, eu chego lá. Tudo é treino".
Aos 15 anos, sua habilidade vocal chamou atenção, e ele começou a trabalhar no serviço de alto-falante da cidade. Pouco tempo depois, mudou-se para Birigui, onde ingressou na Rádio Clube, transmitindo jogos e assumindo funções de liderança.
A reinvenção de um nome
Ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1952, para trabalhar na Rádio Globo, foi aconselhado pelo jornalista Luiz Mendes a adotar um nome artístico mais simples. Assim nasceu Léo Batista.
— Minha família, depois disso, só me chamava de Léo — relembrou ele em entrevista ao Memória Globo.
Três anos depois, aceitou o desafio de trabalhar na TV Rio, dando início à sua trajetória no novo veículo de comunicação.
Pioneiro no jornalismo esportivo
Ao longo dos anos, Léo Batista consolidou sua presença em programas esportivos, sendo um dos criadores do "Esporte Espetacular" em 1973 e do "Copa Brasil", que originaria o "Globo Esporte" em 1978. Sua versatilidade o levou também a apresentar o "Jornal Nacional", o "Jornal Hoje" e até desfiles de Carnaval.
No "Fantástico", Léo brilhou em dois momentos marcantes: ao anunciar os resultados da loteria esportiva com a zebrinha e no quadro "Gols do Fantástico", onde narrava gols com a precisão e emoção que o caracterizavam.
Reconhecimento em vida
Amado pelo público e admirado pelos colegas, Léo Batista recebeu inúmeras homenagens ainda em vida. Em 2024, foi tema de uma série documental, "Léo Batista, a Voz Marcante", disponível no Globoplay. Botafoguense de coração, teve seu nome eternizado em uma cabine de imprensa no Estádio Nilton Santos.
Léo Batista manteve-se ativo até os últimos momentos, sempre fiel ao que acreditava ser essencial para o sucesso:
— É preciso ter gosto, dom e treino.
E foi com essas qualidades que ele se tornou um ícone da comunicação no Brasil, deixando uma trajetória que ficará marcada para sempre na memória do país.
Fonte: Jogo de Hoje 360