PMs são presos suspeitos de executar homem desarmado na Grande SP; câmera de segurança flagrou ação

Escrito em 03/12/2025


PMs são presos suspeitos de executarem homem desarmado na Grande SP; câmera flagrou ação Três policiais militares do 5º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP) foram presos nesta quarta-feira (3) e encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte, suspeitos de executarem Sydnei Sequim Júnior durante uma abordagem em Itapevi, na Grande São Paulo, em outubro deste ano. O homem estaria desarmado. A prisão preventiva do subtenente Marcelo Mendes da Silva e dos cabos Rodrigo Silva Olivares e Geraldo Gomes Real foi decretada pela 1ª Vara Criminal de Itapevi, que enxergou indícios de que os agentes manipularam a cena do crime, inserindo uma arma na mão da vítima depois dos disparos. A ação foi registrada por uma câmera de segurança (vídeo acima), e imagens da câmera corporal de um PM que participou da ocorrência foram analisadas tanto pela Justiça quanto pela Corregedoria da polícia. No registro, é possível ver que o homem é abordado por uma viatura, ergue os dois braços e, 3 segundos depois, leva dois tiros. Seis segundos depois, é possível ouvir outro disparo. Quando o homem já está no chão, é possível ouvir um quarto tiro. Segundo o magistrado, a gravação foi determinante para afastar a versão apresentada pelos policiais — de que o homem teria tentado sacar uma arma. A decisão, que cita trecho de um laudo apresentado nos autos, afirma: “Sydney demonstra um sobressalto e, de imediato, levanta as mãos. Após alguns segundos, ele as abaixa para a lateral do corpo e, ainda segurando o celular em sua mão predominante (direita), aparenta tentar levantar a blusa moletom pelas laterais, utilizando ambas as mãos. Neste exato momento, diversos disparos são ouvidos e Sydney é baleado, caindo imediatamente… Em seguida, mais tiros são feitos contra Sydney, que já estava no chão.” Indícios de manipulação da cena A Justiça considerou, amparada numa manifestação do Ministério Público e baseada nas imagens das câmeras corporais dos PMs, que houve indício de manipulação da cena do crime. De acordo com a decisão, logo após o tiroteio, os agentes afastam moradores, isolam o local e o "Cb PM Geraldo aparece com uma pistola em sua mão e agacha ao lado de Sydnei claramente já morto. O Cb PM Geraldo passa a arma na mão esquerda do sujeito e depois se afasta para desmuniciar.” A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que, assim que tomou conhecimento dos fatos, a Polícia Militar instaurou procedimento para investigar todas as circunstâncias da ocorrência e tomar as medidas cabíveis. "A Instituição reforça que não compactua com abusos ou desvios de conduta e pune com rigor os que desobedecem aos protocolos da Corporação", diz a pasta. Imagens da câmera corporal O Inquérito Policial Militar (IPM) descreve em detalhes as imagens da Câmera Operacional Portátil (COP) usada pelo cabo Geraldo Gomes Real, que teria efetuado um disparo. O documento detalha a ação do militar logo após os tiros. Veja a sequência: “Imagem ilustra o indivíduo [Sidney] ao solo e aparentemente não há nenhuma arma de fogo próximo” “Imagem ilustra momento em que o Cb PM Geraldo movimenta a mão direita da vítima para baixo” “Imagem ilustra o momento em que aparentemente aparece uma arma na mão direita do Cb PM Geraldo” “Cb PM Geraldo aparentemente com objeto cromado na mão direita e com a mão esquerda manipula o braço da vítima segurando pela blusa” “Cb PM Geraldo, com a mão esquerda, segura a mão esquerda do civil, aparentemente encosta o ferrolho da pistola na mão da vítima” “[...] o policial militar manipula novamente a mão direita da vítima, e na mão esquerda ele segura a pistola pelo ferrolho” “[Cb Geraldo] comenta que pegou a arma sem luva, tirou a munição, uma munição caiu no chão, porque acha que o carregador está com defeito." Justiça de SP viu indícios de manipulação da cena Reprodução O que diz a defesa dos PMs Em nota, os advogados Renato Soares e Mauro Ribas, que representam Marcelo Mendes da Silva, Rodrigo Silva Olivares e Geraldo Gomes Real, disseram: "A defesa dos policiais militares não teve acesso a decisão que decretou a prisão temporária dos investigados, e recebeu a notícia com perplexidade, pois a abordagem foi filmada não deixando nenhuma dúvida sobre a ação dos militares que agiram dentro da legalidade, e em legitima defesa, uma vez que o indivíduo abordado que veio a óbito estava armado e tentou pegar a arma que estava em sua cintura para tentar contra a vida dos policiais que prontamente agiram para se defender, afirmamos ainda que o abordado já tem passagens anteriormente por outros crimes, outro fator que a defesa discorda, é que no presente caso não existem fatos concretos para a decretação da prisão temporária dos investigados, tendo em vista que os policiais desde o início das investigações sempre colaboraram com as autoridades, não existindo até o presente momento nenhum fato concreto praticado pelos mesmos que tenha prejudicado as investigações e, dessa forma a prisão temporária com todo o respeito foi medida extremamente equivocada e desnecessária, em uma ação legitima por parte dos policiais".
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