Acidente com barra de supino: como impacto forte no tórax pode levar a morte rápida

Escrito em 04/12/2025

Rafael Tavares explica risco de morte rápida após lesão no tórax A morte de Ronald José Salvador Montenegro, de 55 anos, após ser atingido por uma barra de supino enquanto treinava numa academia em Olinda, na segunda-feira (1º), chamou atenção pela rapidez dos efeitos causados pelo acidente. Imagens de uma câmera de segurança mostram que ele desfaleceu poucos segundos depois que o equipamento caiu sobre o tórax (saiba mais abaixo). Ao g1, o cirurgião torácico Rafael Tavares explicou como o impacto pode ter levado à morte em tão pouco tempo (veja vídeo acima). Segundo o especialista, a barra, ao despencar, atingiu uma região do corpo chamada Zona de Ziedler, área bastante sensível para lesões cardíacas e vasculares — o que faz do supino um dos exercícios mais arriscados. "É uma área em que a gente tem o coração e grandes vasos. [...] Pressão é força sobre área. Ele teve um choque muito grande no esterno (osso que "cola" a caixa torácica). Isso deve ter gerado uma fratura no esterno com rupturas de órgãos internos, como coração ou grandes vasos", afirmou. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE Segundo parentes, Ronald entrou na academia por volta das 19h50. Às 20h05, a família recebeu uma ligação do estabelecimento avisando do acidente. A vítima ainda foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Doce, mas não resistiu, tendo a morte confirmada e comunicada aos familiares por volta das 20h30. De acordo com o médico, após a queda do aparelho, o aluno pode ter se levantado "no susto", mas os efeitos da batida são muito rápidos e chegam ao cérebro quase instantaneamente. "Quando sangra um coração, por exemplo, uma lesão perfurante no coração, o sangue que vaza para o pericárdio (membrana que envolve o coração) já faz o coração parar de funcionar. E o coração parando de funcionar, de imediato, para de chegar sangue no nosso cérebro. [...] Ele deve ter ficado vivo ali por alguns segundos, que é o que fez ele se levantar, mas logo na sequência ele cai colapsado", disse. Por isso, é fundamental que a pessoa, durante um treino, deve tomar muito cuidado com o peso que está levantando, respeitando os seus próprios limites. "É o mesmo que quando você sofre um acidente de carro de grande impacto. O que faz a pessoa morrer subitamente são as lesões cerebrais e as rupturas de grandes vasos [...]. Mesmo que você tenha um profissional de saúde na hora, naquele exato momento, dificilmente você salva uma vida dessas", explicou o cirurgião torácico. Por isso, é fundamental que esse tipo de exercício seja feito sob supervisão. Conforme o especialista, se houvesse alguém para segurar a barra, o impacto teria sido "bem menor". "A barra é conhecida. A prova é que, nas academias, a maioria das vezes quando a pessoa vai fazer esse tipo de exercício, fica uma pessoa do lado pronta para te ajudar com essa barra", afirmou. LEIA TAMBÉM: Vítima segurou barra de maneira inadequada, conhecida como 'pegada suicida' Pai, carnavalesco e praticante de musculação há 30 anos: saiba quem era Ronald Supino é um dos exercícios mais arriscados e exige cuidados O acidente Homem morre após ser atingido por barra em academia de Olinda O acidente aconteceu na noite da segunda-feira (3), numa unidade da rede RW, no bairro de Jardim Atlântico. Uma câmera de segurança da academia registrou o momento em que a barra se soltou das mãos de Ronald e atingiu o tórax do aluno, que se levanta e cai logo em seguida (veja vídeo acima). De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na Delegacia de Rio Doce como morte acidental. Ronald malhava na RW Academia, na unidade de Jardim Atlântico. Procurada a RW Academia se solidarizou com o falecimento do aluno e disse que o ocorrido foi um acidente, "uma fatalidade que deixou a todos nós muito abalados". A nota diz ainda que a academia reitera os sinceros sentimentos a toda a família. A academia também foi questionada se o local está apto a realizar primeiros socorros e por que não havia um profissional acompanhando Ronald durante o exercício. A empresa respondeu que: a equipe prestou atendimento imediato, acionando socorro especializado; a academia é devidamente registrada no Conselho Regional de Educação Física; embora primeiros socorros façam parte da formação em Educação Física, a academia realiza treinamentos periódicos de primeiros socorros com toda a equipe; há professores formados para atender os alunos em todos os horários. Em nota, o Conselho Regional de Educação Física (Cref/PE) lamentou a morte de Ronald Montenegro e afirmou que “o estabelecimento estava regularizado e com profissional de educação física no local”. A entidade recomendou que os alunos: treinem em academias registradas no Cref/PE; solicitem a carteira de identidade profissional do responsável técnico e demais profissionais que atuam no local; pratiquem exercícios físicos conforme a prescrição do profissional de educação física; respeitem “a progressão adequada, a ficha de treino e as recomendações de execução técnica”; tirem dúvidas sobre os movimentos; evitem treinos copiados da internet. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias
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